domingo, 24 de junho de 2007
O REGRESSO DO CORVO MARINHO
Dantes eram dois, namorando em grandes passeios entre pescarias na rebentação, mas já me dou por contente com este (de regresso a umas férias em Cascais, e daí quem sabe filho do casal que eu via em manhãs românticas de sol ou bruma) de pescoço longo e esperto vibrando sobre as ondas, atentíssimo e sempre pronto para um interminável mergulho.
Sabia lá eu que se tratava de ave palmípede, da família dos Falacrocoracídeos, de coloração escura e também conhecida por calilanga, galheta, induro, etc. (“Dicionário Porto Editora”)! Para mim é apenas o símbolo do paredão selvagem, o da maré que levanta as lajes e as projecta, para depois se rir dos estragos quando vaza.
Pois lá andava ele, o passarão impermeável, todo contente a fazer pela vida, trazendo de quando em vez no bico um sargo de fazer inveja aos outros pescadores bípedes, os humanos, cingidos às inaptas canas, que a invernia aquática impedia a caça submarina
Passado um tempo, eis que levanta o voo baixo, farto de não usar a liberdade maravilhosa de fazer o que lhe dá na real gana, e vai antes brincar com os surfistas, mais além, ensinando-lhes como vogar nas espirais de espuma.
E eis que desaparece. Onde terá ido?
CIDADE OCULTA
Muita gente não sabe, mas os corvos marinhos vivem em grandes cidades submarinas, onde podem respirar quando querem devido a uma rede de grutas comunicantes com bolhas de ar: engenharia de extraterrestres, não acredito neles mas é bom de ver que existem.
Pois foi até lá que o Emanuel voou debaixo d’água, para se juntar à comunidade internacional dos corvos-marinhos. Recorrendo à telepatia normal da espécie (os gritos que lhes ouvimos são só para disfarçar) fez o relatório sobre as condições da antiga costa de Portugal, que patrulhava ia para 200 anos. Sim, eles, os corvos-marinhos, vivem muito tempo porque estão sempre a viajar pelo espaço, para visitarem o planeta de onde os E.T.’s os trouxeram muito antes de haver o Homem, para que tomassem conta desta bola azul.
Quando querem sair da Terra, pedem ajuda às baleias: estes gigantes têm poderes extraordinários de telecinésia e enviam outros seres através das dimensões para onde for preciso, sem espinhas. E pensar que andam a exterminá-las sem dó nem piedade...
O Emanuel foi para o quarto de paredes de esmeralda e descansou um bocado. Afinal, era um bocado cansativo andar a desviar-se dos nojentos e perigosos bocados de plástico e outros dejectos não-biodegradáveis que sujavam os mares. Há cem anos não era nada disto, recordou-se. Mas logo adormeceu, lembrado de que a nova geração de desportistas radicais e afins já nasceu com a mensagem ecológica bem programada nos neurónios. Assim tenha tempo de agir...
-LC
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1 comentário:
Agora é que te passaste completamente!!!
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